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Por outras palavras, eu sou três. Há um que fica no centro, imperturbável, imóvel, observando, à espera de poder transmitir aos outros dois o que vê. O segundo é uma espécie de animal assustado que ataca antes que o ataquem. E há ainda um terceiro, um género de pessoa super apaixonada, a personificação da simpatia que permite aos outros a entrada nos mais íntimos recessos do seu santuário interior e que apanha com insultos e confia e assina contratos em branco e que fica com má fama porque trabalha à borla ou quase e que, quando descobre o que lhe fizeram, fica cá com uma raiva que só lhe apetece matar e arrasar tudo à sua volta, ele mesmo incluído, por ter sido tão estúpido. Mas não pode e tem de voltar para dentro de si mesmo. Qual deles é o autêntico? São todos autênticos.
Ninguém envelhece só por viver muitos anos. A juventude não é uma época da vida, é um estado da alma. Não é uma questão de faces lisas, de lábios vermelhos e joelhos bonitos. É uma força de querer, uma qualidade da imaginação, um rigor de emoções e uma frescura da profunda primavera da vida.
Não consigo. É essa a maldade maior de todo este mundo. De toda esta mediocridade. Isola os capazes. Isola os que valem a pena. E comprime-os. E depois não lhes dá voz. E são mais um entre os outros tantos. E por mais que ergam a voz ninguém os descobre. Porque estão perdidos. Porque estão entre todos os outros. E não é possível encontrar a agulha que está entre as agulhas. E não há palheiro. Apenas agulhas. E é mais difícil encontrar uma agulha única quando ela está entre milhares de agulhas banais do que encontrar uma agulha quando ela está num palheiro. Antes uma agulha num palheiro do que uma agulha numa mole de agulhas.
A maldade do mundo é democratizar a mediocridade
O que era vida irreal, é agora realidade,