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«Como sair daqui?» Perguntas bem, amigo.
Diógenes diria «à catanada, vivamente»,
Lichtenberg «à gargalhada», se o conheço.
Thomas Bernhard proporia «num rectângulo
de tábuas» e Machado que o caminho de saída
se descobre ao caminhar. Beckett é provável
que dissesse «rastejando».
Diderot aventaria
«pela rua do liceu», Tcheckov «pela viela
mais escura, à tua esquerda». Séneca diria,
muito sonso, «pelo passeio das Virtudes»,
Vaneigem «pelo jardim das Belas-Artes».
Bashô responderia (e eu com ele) «é muito cedo,
fica mais um pouco, ainda há vinho na garrafa».
Mas, agora que resolvera dedicar-me apenas à descoberta da verdade, pensei que era necessário proceder exactamente ao contrário, e rejeitar, como absolutamente falso, tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não ficaria qualquer coisa nas minhas opiniões que fosse inteiramente indubitável.
Assim, porque os nossos sentidos nos enganam algumas vezes, eu quis supor que nada há que seja tal como eles o fazem imaginar. E porque há homens que se enganam ao raciocinar, até nos mais simples temas de geometria, e neles cometem paralogismos, rejeitei como falsas, visto estar sujeito a enganar-me como qualquer outro, todas as razões de que até então me servira nas demonstrações. Finalmente, considerando que os pensamentos que temos quando acordados nos podem ocorrer também quando dormimos, sem que neste caso nenhum seja verdadeiro, resolvi supor que tudo o que até então encontrara acolhimento no meu espírito não era mais verdadeiro que as ilusões dos meus sonhos. Mas, logo em seguida, notei que, enquanto assim queria pensar que tudo era falso, eu, que assim o pensava, necessáriamente era alguma coisa. E notando esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as extravagantes suposições dos cépticos seriam impotentes para a abalar, julguei que a podia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia que procurava.
Estarmos juntos é responder à luz que de entre nós se exalta e requer nomes E vamo-nos içando até que o fluxo ritme o natural curso do amigável diálogo E há no coração um entusiasmo puro que é folhagem e música e edifício claro e também chispas de um incêndio feliz De um incontível fundo vamos projectando os impulsos que em espiral ascendem E o percurso ilumina-se e ondula até ao cimo da emoção ébria que é alma e inteligência numa única árvore que estremece e que reina.