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– Dói-me.
– Esfrega.
– Se esfregar dói mais.
– Se esfregares atinges o limite do que te dói.
– E depois do limite?
– Depois do limite a dor do que sentes acaba.
– Não entendo.
– O que te dói não é a exacta sensação de dor; o que te dói é a certeza de que pode doer ainda mais.
– Pode sempre doer mais.
– Por vezes és tu mesmo que impões o limite à tua dor, és tu que a domesticas e lhe ordenas onde começa e onde acaba.
– Não tenho esse poder.
– Tens. Relaxa, respira fundo, sente a dor a entrar.
– Já entrou. Está cá dentro.
- A dor nunca está, doer é um processo de fora para dentro. A dor não está; a dor vem.