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São dez da manhã. Que tédio, que chatice doutro dia que começa decalcado no de ontem. Saúde periclitante, pensamentos periclitantes, café periclitante, sol periclitante, corpo periclitante, etc. periclitante, cinza periclitante. Abismos da alba, paisagem inacessível, sono, mais sono.
Que tédio! Que chatice de vida, que merda de mundo! Que esterco tudo isto! E eu obrigado a estar metido nele até ao pescoço.
Quando é que me levantarei, um dia, muito cedo, e abandonarei tudo?
Ideias sinistras correm-me pela mente, à minha volta, como se fossem miragens. Tomam forma de pequenos cromos flutuantes. Adivinho a «glória» amarga do futuro. A precária eternidade de quem já não é corpo há muito tempo, apenas imagem morta impressão em papel fotográfico