Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Estavam treze graus negativos. Abriam-se algumas ruas em frente da estação. Perto, a praça. Depois da praça, outras ruas, outras praças. A névoa enchia os caminhos, e as pessoas passavam como fora da realidade, apareciam e desapareciam, tão vagas, imperceptíveis, que se duvidava tivessem um quotidiano, a esperança, que morressem, nascessem, morressem.
O que é o presente? É uma cousa relativa ao passado e ao futuro. É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem. Eu quero só a realidade, as cousas sem presente. Não quero incluir o tempo no meu esquema. Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas como cousas. Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes. Eu nem por reais as devia tratar. Eu não as devia tratar por nada. Eu devia vê-las, apenas vê-las; Vê-las até não poder pensar nelas, Vê-las sem tempo, nem espaço, Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê. É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.