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Os inocentes são por assim dizer as musas dos criminosos. Mas há poucos inocentes, não conheço nenhum, e não se busque sobretudo entre as crianças: as crianças são monstruosas, eu sei, fui criança muito tempo, e o meu talento era monstruoso, o talento visitavelmente simples de respirar, mexer-se, propor uma palavra, uma frase, interpretar as coisas segundo a lei inspirada. A inocência é a tarefa de uma vida e essa vida deve ser então redonda, completa. Não sei de vidas completas.
De modo que os criminosos acabam por incitar-se uns aos outros, e tudo parece pequeno: ódio, vingança, crime; pode-se olhar face a face qualquer assassino: nenhuma estrela de primeira grandeza conduz essas biografias nocturnas; têm-se pela frente apenas as magias menores.