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É a festa. Gritos e canções, as vozes, o estampido alto e transmitido dos foguetes. Pelo seu magnetismo elementar, a festa atrai o homem solitário, o que repousava na cama, um homem grande, com duas mãos maciças, a cabeça amarela debaixo do sol. Anda como um urso. Então pára e põe-se a ouvir o barulho da festa. Esteve muito tempo a dormir, a comer e a pensar. Regressa agora ao mundo veemente e luminoso das pessoas com os seus gestos e palavras largas a sua paixão de pessoas. Ele vem à festa. Afesta não é uma coisa menor. Bem: é uma fábula, uma ficção verdadeira. Porque os homens semearam os campos e cuidaram dps animais. Com sol, neve e chuva, num circuito inexorável. Sempre. Dormiram, acordaram, esgotaram-se. Vivem na escuridão, no vácuo. Têm mãos. Respiram sombriamente sobre as mãos. Depois param. Então criam a festa. As forças irropem do fundo; fazem vacilar o fino e precário equilíbrio da terra. Para lá da lei abolida, s coisas tornam-se visíveis, com uma intensidade, uma transparência anterior: sinais, vozes e tudo. como se o mundo inteiro cavasse uma ressaca no corpo de cada um, e essa límpida desordem deixasse o coração escorrido. É a festa dos homens.