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Viajar, se não cura a melancolia, pelo menos, purifica. Afasta o espirito do que é supérfluo e inútil; e o corpo reencontra a harmonia perdida — entre o homem e a terra.
O viajante aprendeu, assim, a cantar a terra, a noite e a luz, os astros, as águas e a treva, os peixes, os pássaros e as plantas. Aprendeu a nomear o mundo.
Separou com uma linha de água o que nele havia de sedentário daquilo que era nómada; sabe que o homem não foi feito para ficar quieto. A sedentarização empobrece-o, seca-lhe o sangue, mata-lhe a lama — estagna o pensamento.
Por tudo isso, o viajante escolheu o lado nómada da linha de água. Vive ali, e canta — sabendo que a vida não terá sido um abismo, se conseguir que o seu canto, ou estilhaços dele, o una de novo ao Universo.