Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Atravessei contigo a minuciosa tarde, deste-me a tua mão, a vida parecia difícil de estabelecer acima do muro alto, folhas tremiam ao invisível peso mais forte. Podia morrer por uma só dessas coisas que trazemos sem que possam ser ditas: astros cruzam-se numa velocidade que apavora, inamovíveis glaciares por fim se deslocam e na única forma que tem de acompanhar-te, o meu coração bate.
Tudo o que fazemos é marcado pela fragilidade da nossa condição. Somos esta coisa humana, provisória, incerta, inacabada, imperfeita. Mas somos também poeira enamorada. Há em nós alguma coisa de maior. Mesmo no erro. Beckett dizia: errar, errar mais, errar melhor. No erro podemos encontrar um caminho.
O corpo tem degraus, todos eles inclinados milhares de lembranças do que lhe aconteceu tem filiação, geometria um desabamento que começa do avesso e formas que ninguém ouve O corpo nunca é o mesmo ainda quando se repete: de onde vem este braço que toca no outro, de onde vêm estas pernas entrelaçadas como alcanço este pé que coloco adiante? Não aprendo com o corpo a levantar-me, aprendo a cair e a perguntar.