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E lastimava, ignorante, a falta.

por Maria Rita, em 01.09.16

 

 

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

 

 

 

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publicado às 11:02

Procuro esquecer-me

por Maria Rita, em 10.11.14

 

 

 

Procuro despir-me do que aprendi
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu...

 

 

 

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publicado às 11:14

Por vezes são estrelas que sobem

por Maria Rita, em 27.10.14
A ferida por baixo da cicatriz

- quem cura?

 

Por vezes são estrelas que sobem

quando a água ocupa o espaço

e um brilho esquivo tropeça

no cansaço

do dia

 

No chão ainda morno

ardem pétalas sossegadamente

e há a melancolia de um pássaro

 

Na varanda esquecida

por trás de toda a magia da noite

(há tanta solidão em quem repara)

dura um homem que diz baixinho

assim quase para fora

 

A ferida por baixo da cicatriz

- quem cura?

 

 

 

 

 

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publicado às 09:15

onde corpos e corpos se repetem

por Maria Rita, em 24.10.14

 

Que música escutas tão atentamente
            que não dás por mim?
            Que bosque, ou rio, ou mar?
            Ou é dentro de ti
            que tudo canta ainda?
            Queria falar contigo,
            dizer-te apenas que estou aqui,
            mas tenho medo,
            medo que toda a música cesse
            e tu não possas mais olhar as rosas.
            Medo de quebrar o fio
            com que teces os dias sem memória.
            Com que palavras
            ou beijos ou lágrimas
            se acordam os mortos sem os ferir,
            sem os trazer a esta espuma negra
            onde corpos e corpos se repetem,
            parcimoniosamente, no meio de sombras?
            Deixa-te estar assim,
            ó cheia de doçura,
            sentada, olhando as rosas,
            e tão alheia
            que nem dás por mim.


 

 

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publicado às 11:53

Há cidades

por Maria Rita, em 26.09.14

 

 

Há cidades acesas na distância,

Magnéticas e fundas como luas,
Descampados em flor e negras ruas
Cheias de exaltação e ressonância.
Há cidades cujo lume
Destrói a insegurança dos meus passos,
E o anjo do real abre os seus braços
Em nardos que me matam de perfume.
E eu tenho de partir para saber
Quem sou, para saber qual é o nome
Do profundo existir que me consome
Neste país de névoa e de não ser.

 

 

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publicado às 11:28

perde-se a vida a desejá-la tanto.

por Maria Rita, em 25.09.14

 

 

 

agora que o silêncio é um mar sem ondas,
e que nele posso navegar sem rumo,
não respondas
às urgentes perguntas
que te fiz.
deixa-me ser feliz
assim,
já tão longe de ti como de mim.
perde-se a vida a desejá-la tanto.
só soubemos sofrer, enquanto
o nosso amor
durou.
mas o tempo passou,
há calmaria...
não perturbes a paz que me foi dada.
ouvir de novo a tua voz seria
matar a sede com água salgada.

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publicado às 10:40

Enganada procura da razão

por Maria Rita, em 21.08.14

 

 

 

 

 

 

 

No coração, talvez, ou diga antes:
Uma ferida rasgada de navalha,
Por onde vai a vida, tão mal gasta.
Na total consciência nos retalha.
O desejar, o querer, o não bastar,
Enganada procura da razão
Que o acaso de sermos justifique,
Eis o que dói, talvez no coração.

 

 

 

 

 

 

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publicado às 10:40

Nessa região, naquele dia

por Maria Rita, em 20.08.14

 

 

O que não aconteceu foi
rápido, fiquei para sempre,
sem saber, sem que me soubessem,
como debaixo de um sofá,
como perdido pela noite:
assim foi aquilo que não foi,
e assim eu fiquei para sempre.

Aos astros perguntei depois,
para as mulheres, para os homens,
o que faziam com tanta razão
e como aprenderam a vida:
na realidade não falaram,
seguiram dançando e vivendo.

O que não passou com alguém
é que determina o silêncio,
e não quero seguir falando
porque eu fiquei ali esperando:
nessa região, naquele dia
não sei o que me aconteceu
porém eu não sou mais o mesmo.

 

 

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publicado às 09:19

Entretanto e justamente quando

por Maria Rita, em 14.08.14

 

 

 

Uma certa quantidade de gente à procura
de gente à procura duma certa quantidade

Soma:
uma paisagem extremamente à procura
o problema da luz (adrede ligado ao problema da vergonha)
e o problema do quarto-atelier-avião

Entretanto
e justamente quando
já não eram precisos
apareceram os poetas à procura
e a querer multiplicar tudo por dez
má raça que eles têm
ou muito inteligentes ou muito estúpidos
pois uma e outra coisa eles são
Jesus Aristóteles Platão
abrem o mapa:
dói aqui
dói acolá

E resulta que também estes andavam à procura
duma certa quantidade de gente
que saía à procura mas por outras bandas
bandas que por seu turno também procuravam imenso
um jeito certo de andar à procura deles
visto todos buscarem quem andasse
incautamente por ali a procurar

Que susto se de repente alguém a sério encontrasse
que certo se esse alguém fosse um adolescente
como se é uma nuvem um atelier um astro

 

 

 

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publicado às 10:16

5 coisas!

por Maria Rita, em 12.08.14

 

 

Quero apenas cinco coisas..

Primeiro é o amor sem fim

A segunda é ver o outono

A terceira é o grave inverno

Em quarto lugar o verão

A quinta coisa são teus olhos

Não quero dormir sem teus olhos.

Não quero ser... sem que me olhes.

Abro mão da primavera para que continues me olhando.

 

 

 

 

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publicado às 10:14



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