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Despede-se sempre com o mesmo aceno de mão. Despede-se com igual gesto de cumprimento à chegada, com sentimento de para sempre que sabe ser irreal. Alimenta-se secretamente da despedida, das lágrimas sorridentes das pessoas que se encontram no mesmo local barulhento, repleto de história e de memórias dolorosamente vividas e sentidas, sorridas e partilhadas, instantâneas, algumas sem alento. Inicia a despedida ainda antes de chegar, é um ritual determinante para o regresso urgente não desejado desejado. Despede-se como quem nunca chegou, sem saber o que já conhece e nega que pretende conhecer. Dizem ser belo, único, entendido em qualquer matéria... O momento é de despedida. Acelera o passo, olha toda e gente e continua, despede-se em exaustão e sem reparar que outros se entendiam naquela realidade admitida sem escolha e promissora de qualquer coisa menos merecida ou cuidada, reflectida, ponderada, despede-se assim de forma mais que perfeita, da única possível e conhecida. Despede-se como se chegasse. Centenas de pessoas repetem gestos. Despede-se, sabendo que num dia próximo, volta a fazer o mesmo aceno de mão. Mas despede-se sem saudade, sem vontade de ficar ou voltar. Num gesto anímico, num corpo exausto com o pensamento distante que prescinde de liguangem, num local que não tem como seu...despede-se sem convicção na dureza da verdade, confunde vertiginosamente quem fica e que volta. Despede-se sem emoção, sem traço aberto ou fechado. Não há porque ficar, a vaga é de ir na negrura do voltar. Acena como se fosse transportada num combóio que vai a grande velocidade. Por entre cinco mil e duzentas imagens...despede-se e vai...num espaço ocupado, avança no movimento harmonioso sem olhar para trás!